O DIÁRIO DE - ANNE FRANK RELATO DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

Espero poder confiar inteiramente em você, como jamais confiei em alguém até hoje, e espero que você venha a ser um grande apoio e um grande conforto para mim.

Anne Frank, 12 de junho de 1942.

Assim, Anne Frank inicia o seu famoso diário, que ela escreveu em seu esconderijo, que ficava na casa de trás (1942 a 1944).

... Daí, este diário. A fim de destacar na minha imaginação a figura da amiga por quem esperei tanto tempo, não vou anotar aqui uma série de fatos banais, como faz a maioria. Quero que este diário seja minha amiga e vou chamar esta amiga de Kitty. Mas se eu começasse a escrever a Kitty, assim sem mais nem menos, ninguém entenderia nada. Por isso, mesmo contra minha vontade, vou começar fazendo um breve resumo do que foi minha vida até agora."

Sábado, 20 de junho de 1942.

Quem escreve um diário, procura anotar seus pensamentos íntimos e reflexões. Anne Frank tenta descrever, o máximo possível, a vida cotidiana da casa de trás e as notícias que chegam de fora. Às vezes acontecem casos emocionantes para relatar, como bombardeios e tentativas de assaltos no meio da noite. Durante a narrativa, Anne consegue comentar de forma acertada as transformações de cada um dos que estão escondidos com ela, com sinceridade e um tanto irreverente em várias ocasiões. Anne Frank descreve as coisas com seu espírito crítico; não somente as alheias, mas também as próprias.

Como não tem nenhuma amiga para compartilhar suas intimidades, escreve longas cartas a uma amiga imaginária chamada Kitty. As cartas escritas a Kitty se multiplicam com rapidez. Durante sua permanência no esconderijo, o diário torna-se muito importante para ela. Serve como um desabafo. Em 16 de março de 1944, Ana anota: “O melhor de tudo é o que penso e sinto, pelo menos posso descrever; senão, me asfixiaria completamente”.

Querida Kitty

Tenho em meu caráter um traço predominante que salta aos olhos de quem me conhece há algum tempo: é o conhecimento que tenho de mim mesma. Consigo fiscalizar-me e aos meus atos como se fosse uma estranha. Sou capaz de encarar a Anne de todos os dias sem preconceitos e sem fazer concessões, observando o que há de bom e de mau. Essa autocrítica me acompanha sempre, e, cada vez que falo alguma coisa, sei imediatamente se devia Ter falado de outra maneira ou se estava bem assim. Há muita coisa que condeno em mim. Seria uma longa lista! Cada vez mais, reconheço a verdade que havia nas palavras de papai: "Aos pais cabe dar conselhos e indicar caminhos, mas a formação final do caráter de uma pessoa está em suas próprias mãos."

15 de julho de 1944.

A nós jovens é um tanto difícil conservar nossas opiniões...

Anne preenche folhas e folhas de seu diário, durante os dois anos em que passou na clandestinidade. O fato de que deve manter-se em pé naquelas circunstâncias tão peculiares, faz com que amadureça mais rápido do que os outros jovens de sua idade.

A parte final do Diário de Anne Frank é de uma profundidade impressionante. Mostra uma jovem não diferente das jovens de hoje. O tempo em que ela viveu é parecido com o nosso porque, atualmente, temos os mesmos anseios, as mesmas preocupações e as mesmas expectativas de como será o futuro...

Sábado, 15 de julho de 1944

Querida Kitty

Recebemos da biblioteca um livro com um título que era um desafio: Que pensa você da jovem moderna?

Quero falar sobre isso com você.

A autora do livro condena a “mocidade de hoje” da cabeça aos pés. Sem condenar, no entanto, os jovens em geral como “incapazes de qualquer coisa boa”. Ao contrário, acredita que estaria nas mãos dos jovens construir um mundo melhor e mais belo, se simplesmente quisessem; mas diz que a maioria se ocupa de superficialidades, sem parar para pensar na real beleza.

Em algumas passagens a escritora parecia estar se dirigindo especificamente a mim com suas críticas, eis por que desejo mostrar-me a você completamente desnudada e me defender desse ataque.

Tenho em meu caráter um traço predominante que salta aos olhos de quem me conhece há algum tempo: é o conhecimento que tenho de mim mesma. Consigo fiscalizar-me e aos meus atos como se fosse uma estranha. Sou capaz de encarar a Anne de todos os dias sem preconceitos e sem fazer concessões, observando o que nela há de bom e de mau. Essa autocrítica me acompanha sempre, e, cada vez que falo alguma coisa, sei imediatamente se devia ter falado de outra maneira ou se estava bem assim. Há muita coisa que condeno em mim. Seria uma longa lista! Cada vez mais, reconheço a verdade que havia nas palavras de papai: “Toda criança tem que zelar pela própria educação”. Aos pais cabe dar conselhos e indicar caminhos, mas a formação final do caráter de uma pessoa está em suas próprias mãos.

Somado a tudo isso, sou dona de grande coragem, tenho espírito forte, capaz de suportar difíceis encargos, sinto-me livre e jovem! Fiquei contente quando descobri isso pela primeira vez, pois creio que não me curvarei facilmente aos golpes que, inevitavelmente, atingem a todos.

Mas já falei nestas coisas muitas vezes. Quero agora abordar o capítulo “papai e mamãe não me compreendem”. Papai e mamãe sempre me encheram de mimos, foram carinhosos, defenderam-me, fizeram tudo o que os pais podem fazer. Mesmo assim, durante longo tempo senti-me terrivelmente isolada, rejeitada, desprezada e mal compreendida. Papai fez o que pôde para conter minha rebeldia, mas não adiantou, eu é que me curei sozinha enxergando e procurando corrigir meus erros. Como foi que papai jamais conseguiu me sustentar em minhas lutas, como foi que ele errou por completo, mesmo querendo estender-me a mão?Porque ele escolheu o método errado, falando-me sempre como a uma criança que está atravessando uma fase difícil. Parece idiotice dizer isso, pois papai foi o único que sempre me deu um crédito de confiança fazendo com que eu me sentisse ajuizada. Mas uma coisa ele não percebeu – compreende? –, não percebeu que, para mim, a luta por chegar ao fim era o mais importante de tudo. Não me interessa ouvir falar sobre “coisas da idade”, “outras meninas” ou “é uma fase que passa”; eu não queria ser tratada como as outras meninas, mas como Anne e por meus próprios méritos. Infelizmente Pim não percebeu isso. Acontece que eu não posso confiar em quem também não me abra seu coração e, como sei muito pouco de Pim, sinto que jamais seremos muito íntimos. Pim sempre toma as tradicionais atitudes paternais dizendo que ele também passou por fazes semelhantes às minhas. Nunca vai poder relacionar-se comigo como amigo, nem que o tente com a maior boa vontade.

Penso muito nisto: por que será que Pim me irrita? E de tal forma que detesto que me ensine qualquer coisa? Suas maneiras afetuosas me parecem afetadas; queria que me deixasse em paz e preferia mesmo que me esquecesse por algum tempo, até que me sentisse mais segura em minha atitude para com ele. Ainda me rói um sentimento de culpa por causa daquela carta horrível que escrevi a ele, no tempo em que eu andava supertensa. Como é difícil ser realmente forte e corajosa em todos os sentidos!

Mas esse não foi meu maior desapontamento. Peter atingiu-me mais que papai. Bem sei que fui eu quem o conquistou, não ele a mim. Formei em minha mente uma imagem de Peter, pintei-o como um rapaz quieto e sensível, digno de amor, carente de afeição e carinho. Precisava de alguém para com ele abrir meu coração; queria um amigo que me ajudasse a encontrar o caminho certo. Devagar, mas com segurança, atraí Peter para mim. Finalmente, ao conseguir que ele se tornasse amigo, automaticamente desenvolveu-se entre nós uma intimidade que, pensando bem, eu não deveria ter permitido.

Falamos em coisas bem íntimas e no entanto, até hoje, jamais tocamos nas coisas que enchiam e ainda enchem minha alma e meu coração. Ainda não sei o que pensar de Peter. Será ele superficial ou ainda acanhado, mesmo comigo?

Sem contar com isso, no meu desejo premente de afeição, cometi um erro: tentei chegar a ele por meio de um relacionamento íntimo, quando devia ter explorado todas as outras possibilidades. Ele deseja muito ser amado, e noto que está começando a se apaixonar por mim. Nossos encontros o satisfazem, ao passo que em mim, apenas despertam a vontade de, mais uma vez, ver o que consigo dele. Entretanto, não sei por quê, não toco nos assuntos que mais desejaria esclarecer. Peter está muito mais preso a mim do que pensa. Está apegado demais, e por enquanto não vejo maneira de sacudi-lo e fazê-lo firmar-se nos próprios pés. Ao compreender que ele não poderia ser para mim nem mesmo um amigo (no verdadeiro sentido que dou à palavra), pensei que ao menos poderia tentar arrancá-lo de sua estreiteza de mente e fazer com que realizasse qualquer coisa de proveitoso com sua mocidade.

“Pois em suas mais íntimas profundezas, a mocidade é mais solitária que a velhice.” Li esta frase em algum livro, acho-a verdadeira e lembro-me sempre dela. Será verdade que os mais velhos passam por maiores dificuldades que nós? Não, sei que não é assim. Gente adulta já tem opinião formada sobre as coisas e não hesita antes de agir. É muito mais duro para nós, jovens, manter a firmeza e as opiniões em tempos como estes em que os ideais são destruídos e despedaçados, as pessoas põem à mostra seu lado pior e ninguém sabe mais se deve crer na verdade, no direito e em Deus.

Quem afirma que os mais velhos passam por dificuldades maiores certamente não compreende a que ponto nossos problemas pesam sobre nós; problemas para os quais somos jovens demais mas que aparecem continuamente até que acreditamos, depois de muito tempo, haver encontrado uma solução; só que a solução parece não resistir aos fatos que, de novo, a reduzem a nada. Esta é a maior dificuldade desses tempos: surgem dentro de nós ideais, sonhos e esperanças, só para encontrarem a horrível verdade e serem destruídos.

Realmente, é de admirar que eu não tenha desistido de todos os meus ideais, tão absurdos e impossíveis eles são de se realizar. Conservo-os, no entanto, porque apesar de tudo ainda acredito que as pessoas, no fundo, são realmente boas. Simplesmente não posso construir minhas esperanças sobre alicerces formados de confusão, miséria e morte. Vejo o mundo transformar-se gradualmente em uma selva. Sinto que estamos cada vez mais próximos da destruição. Sofro com o sofrimento de milhões e, no entanto, se levanto os olhos aos céus, sei que tudo acabará bem, toda essa crueldade desaparecerá, voltarão a paz e a tranqüilidade.

Enquanto isso, é necessário que mantenha firme meus ideais, pois talvez chegue o dia em que os possa realizar.

Sua Anne.

Sexta-feira, 21 de julho de 1944

Querida Kitty

Agora estou ficando realmente esperançosa. Finalmente as coisas vão bem, muito bem mesmo! Houve um atentado contra a vida de Hitler, e desta vez não foi ato de judeus comunistas ou capitalistas ingleses; foi um orgulhoso general alemão, e – o principal – ele é conde e bastante jovem. A Divina Providência salvou a vida do Führer, e infelizmente ele conseguiu escapar com apenas alguns arranhões e queimaduras. Alguns generais e oficiais que estavam com ele ficaram feridos ou morreram. O principal culpado foi fuzilado.

De qualquer modo, essa é uma prova de que existem muitos oficiais e generais que estão fartos da guerra e gostariam de ver Hitler despencar num abismo sem fundo.

Com a deposição de Hitler, seria estabelecida uma ditadura militar que fizesse as pazes com os Aliados. Então, rearmar-se-iam para outra guerra, dentro dos próximos vinte anos. Talvez seja de propósito que o Divino Poder esteja tardando em afastá-lo do caminho, pois seria bem mais fácil e vantajoso para os Aliados se os impecáveis alemães se matassem entre si; diminuiria o serviço dos russos e ingleses, e estes poderiam principiar a reconstrução de suas próprias cidades mais cedo.

Enfim, ainda não chegamos lá e não me quero antecipar aos gloriosos acontecimentos. Você deve ter notado que isso tudo é pura realidade e que hoje estou de humor positivo; por uma vez na vida não estou alardeando meus altos ideais. O pior é que Hitler teve a gentileza de anunciar ao seu fiel e dedicado povo que, de agora em diante, as forças aramadas estarão subordinadas à Gestapo e todo soldado que souber que um de seus superiores andou envolvido naquele covarde atentado à sua vida pode fuzilar esse superior na hora, sem conselho de guerra.

Que belo massacre vai ser! Se doerem os pés de Johann durante sua longa marcha, se seu oficial berrar com ele, Johann agarra o fuzil e grita: “Você queria matar o Führer, aqui está sua recompensa”. Um balaço, e o altivo chefe que ousara berrar com Johann vai para a vida eterna (ou será morte eterna?). Agora, sempre que um oficial tiver que chamar a atenção de um soldado poderá acusá-lo e matá-lo. Você está compreendendo o que quero dizer ou será que andei pulando demais de um assunto para outro? Não posso evitar; a perspectiva de voltar outra vez para a escola, em outubro, deixa-me alegre demais para ser lógica! Ora, eu não lhe havia dito que não queria me encher de esperanças? Perdoe-me, não foi sem motivo que me apelidaram de “pequeno feixe de contradições”.

Sua Anne.

Terça-feira, 1.º de agosto de 1944

Querida Kitty

“Pequeno feixe de contradições.” Foi assim que terminei minha última carta e é assim que desejo principiar esta. “Um pequeno feixe de contradições.” Pode me dizer exatamente o que é isto/ Que quer dizer contradição? Como acontece com tantas outras palavras, pode significar duas coisas: contradição de fora e contradição de dentro.

A primeira é a costumeira “não cede facilmente, sempre sabe mais, tem sempre a última palavra”, enfim, todas as qualidades desagradáveis de que me acusam. Da segunda, ninguém sabe, o segredo é meu.

Já disse a você, certa vez, que possuo dupla personalidade. Em uma delas encontra-se minha alegria exuberante, que faz graça de tudo, meu entusiasmo e principalmente a maneira como levo tudo na brincadeira. Talvez por isso não me ofenda um flerte, um beijo, um abraço, uma anedota suja. Esta está quase sempre à espreita e empurra o outro, que é muito melhor, mais profundo e mais puro. Você precisa compreender que ninguém conhece o lado melhor de Anne, e é por isso que a maioria das pessoas me acha insuportável. Se durante uma tarde faço uma porção de palhaçadas, todos se fartam de mim por um mês. Realmente, é como filme de amor para pessoas de mentalidade séria: simples distração que diverte, sem chegar a ser boa. Envergonho-me de contar isso a você, mas como é verdade, vou falar. Meu lado superficial e frívolo está sempre mais alerta que o lado profundo, e por isso há de sair sempre vencedor. Você nem imagina quantas vezes tentei empurrar para longe essa Anne. Tentei mutilá-la, escondê-la, porque, afinal de contas, ela é apenas metade do total que se chama Anne; mas não adianta, e eu sei, também, por que não adianta.

Tenho muito medo de que as pessoas que me conhecem superficialmente venham a descobrir que possuo um outro lado, melhor, mais bem-cuidado. Receio que riam de mim, que me achem ridícula e sentimental, que não me levem a sério. Estou acostumada a não ser levada a sério, mas é só a Anne despreocupada que se acostumou a isso e o suporta. A Anne mais profunda é sensível demais para tal. Se realmente obrigo a Anne boa a ir para o centro do palco, nem que seja por quinze minutos, ela se encolhe toda e acaba cedendo o lugar à Anne número 1, e antes que perceba o que se passa, vejo que desapareceu.

A boa Anne, portanto, não aparece quando tem gente, até hoje nunca se mostrou, nem uma só vez, mas é a que predomina quase sempre quando estamos a sós. Sei exatamente como desejaria ser, como sou, aliás... lá no íntimo. Infelizmente sou assim só para mim mesma. E estou certa de que é por isso mesmo que eu digo que intimamente tenho um gênio bom e que os outros pensam que exteriormente é que tenho gênio bom. No íntimo sou guiada pela Anne pura , mas exteriormente não passo de uma cabritinha travessa, à solta.

Como já disse, nunca expresso meus sentimentos verdadeiros sobre coisa alguma, e foi assim que adquiri a fama de namoradeira, sabe-tudo e leitora de histórias de amor. A Anne jovial dá risada, uma resposta atrevida, sacode os ombros com indiferença, comporta-se como se não ligasse, mas as reações da Anne silenciosa são exatamente o oposto. Para ser sincera, devo admitir que isso me magoa, que tento mudar por todos os meios, mas que estou sempre em luta contra um inimigo muito mais poderoso.

Dentro de mim soluça sempre a mesma voz: “Pronto, nisto é que você se tornou! Sem caridade, ares superiores, atrevida. Ninguém gosta de você, e isso por você não atender aos conselhos da sua metade melhor”.

Bem queria atender, mas não adianta; se fico sossegada e séria, todos pensam que estou tramando alguma e, então, tenho que sair da situação inventando nova brincadeira; isso sem falar na minha própria família, que certamente pensaria que estou doente e me faria engolir comprimidos para dor de cabeça, para os nervos, me apalparia o pescoço e a cabeça para ver se tenho febre, me perguntaria se ando com prisão de ventre e, não achando nada, acabaria me criticando por meu mau humor. Não agüento esses cuidados: se me fiscalizam fico malcriada, depois infeliz e, finalmente, viro meu coração do avesso para que o lado mau fique de fora e o bom para dentro, e continuo tentando encontrar a maneira de ser como desejo ser, como poderia ser, se... se não houvesse mais ninguém vivo neste mundo...

Sua Anne.

~ Epílogo ~

O diário de Anne Frank termina aqui. No dia 4 de agosto de 1944 a Polícia de Segurança alemã, acompanhada por alguns holandeses nazistas, deu uma batida no escritório geral, obrigando Kraler a revelar a entrada para o Anexo Secreto. Todos os seus ocupantes, assim como Kraler e Koophuis, foram presos. No dia 3 de setembro, os prisioneiros judeus, após um período em Westerbork (o principal campo de concentração alemão na Holanda), foram enviados, amontoados em vagões de gado, para Auschwitz, o mais famoso centro de extermínio, na Polônia ocupada. (Kraler e Koophuis ficaram em campos de concentração holandeses durante alguns meses, antes de serem libertados).

O Anexo Secreto foi saqueado e destruído durante a batida policial. Alguns dias depois, misturados aos jornais velhos e lixo espalhados pelo chão, um limpador encontrou os cadernos onde Anne escrevera seu diário. Não sabendo do que se tratava, entregou-os a Miep e Elli. As duas moças, durante um severo interrogatório alemão a que foram submetidas, negaram terminantemente sua ajuda ao pequeno grupo judeu, e assim foram liberadas e salvas. Tendo guardado cuidadosamente o diário de Anne, entregaram-no a seu pai, Otto Frank, na sua volta, após o término da guerra.

Enquanto isso, os mais velhos do grupo adoeciam sob as terríveis condições de vida em Auschwitz. Van Daan foi mandado para a câmara de gás. Otto Frank escapou por um verdadeiro milagre, pois tinha sido enviado para um campo-hospital em novembro, e ali se encontrava ainda quando o campo foi libertado pelas forças soviéticas em 27 de janeiro de 1945. Juntamente com alguns poucos sobreviventes, ele foi removido para a Galícia e finalmente chegou ao porto de Odessa, no mar Negro, onde um navio neozelandês o conduziu de volta à Europa Oriental. Os outros prisioneiros do campo, cerca de onze mil, foram evacuados pelos alemães, à medida que os russos avançavam. Entre eles estava Peter van Daan, de quem nunca mais se teve notícia.

A caminho de Odessa, Otto Frank soube por um amigo holandês que sua mulher morrera a 5 de janeiro.

Quanto às duas meninas, foram enviadas para Bergen-Belsen, na Alemanha, dois meses após a morte da mãe. Ali Anne mostrou as mesmas qualidades de coragem e paciência na adversidade que a haviam caracterizado em Auschwitz. Em fevereiro de 1945, as duas irmãs contraíram tifo. Um dia, Margot, deitada num beliche ao lado da irmã, tentou levantar-se, mas, enfraquecida, caiu ao chão. No seu estado de doença e fraqueza, o choque foi mortal. A morte da irmã fez a Anne o que nada até então conseguira fazer: quebrantar seu espírito. Alguns dias depois, em princípio de março, Anne morreu.


Um lugar quase seguro...
A estante giratória"Como esconderijo, a casa de trás é ideal; ainda que seja úmida e está toda inclinada, estou segura de que em toda Amsterdã, e talvez em toda Holanda, não há outro esconderijo tão confortável como o que temos instalado aqui."

Anne Frank, em seu Diário

A Casa de Anne Frank, o refúgio onde Anne escreveu seu famoso diário durante a II Guerra Mundial, está situado no centro de Amsterdã, na rua Prinsengracht 263. O diário original forma parte da exposição permanente do museu.

– Agradecemos a Cláudia Santos pela bibliografia usada neste site.
Nota: Foram mostrados alguns trechos do "Diário de Anne Frank".

O Diário de Anne Frank – Clássico imperdível, em DVD (preto e branco) – Vencedor de três prêmios Oscar


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