Ameaçados, meninos atores de ‘O caçador de pipas’ fogem de Cabul

Os garotos afegãos que atuaram no filme “O caçador de pipas” já estão seguros fora de Cabul. Depois de meses de preocupações e luta diplomática em várias partes do mundo, o estúdio que vai lançar o longa-metragem, sobre amizade infantil e conflitos étnicos, conseguiu mandar os meninos para longe do Afeganistão. Eles temiam represálias locais devido a uma cena de abuso sexual, que já enfurece parte do povo local.

Os garotos, cada um acompanhado de um parente, desembarcaram nos Emirados Árabes na sexta-feira (30), segundo representantes do estúdio Paramount. O lançamento do filme foi adiado em seis semanas para dar tempo suficiente para a mudança dos atores-mirins. A estréia nos Estados Unidos será dia 14 de dezembro. No Brasil, o longa chega aos cinemas dia 18 de janeiro.

“Não tenho palavras para dizer o peso que tiramos dos ombros quando soubemos que eles desembarcaram bem”, disse a executiva da Paramount Megan Colligan. A fuga dos garotos de Cabul não aconteceu a tempo de obterem vistos para mandá-los para a festa de lançamento de “O caçador de pipas”, que acontece em Hollywood nesta terça-feira (4).

Entretanto, os executivos do estúdio pretendem levar os atores afegãos aos Estados Unidos assim que possível. “Nós devemos isso a esses meninos, alguns momentos de diversão, depois de tudo que eles passaram”, disse Rick Klein consultor especializado em Oriente Médio contratado pela produção.

Divulgação
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Cena do filme de Marc Forster, baseado no best-seller de Khaled Hosseini (Foto: Divulgação)
Cena polêmica

Como o best-seller em que é baseado, “O caçador de pipas” mostra três décadas de conflitos no Afeganistão e gira em torno da amizade de Amir, um garoto rico (interpretado por Zekiria Ebrahimi, que hoje tem 11 anos), e Hassan, filho de um serviçal pobre.

Na cena que gerou polêmica, Hassan (vivido por Ahmad Khan Mahmoodzada, hoje com 13 anos) é violentado numa viela por um fortão da área. Mais tarde, seu filho Sohrab (Ali Danish Bakhty Ari, que também tem 13 anos) é perseguido por um oficial corrupto do Talibã.

Os meninos já receberam elogios em toda parte do mundo. O “New York Times” publicou crítica em que afirma que a atuação de Ahman Khan “está entre as melhores performances infantis da história do cinema”.

O diretor Marc Forster teve como prioridade a autenticidade quando decidiu escalar garotos afegãos desconhecidos para participar do filme, rodado na China ano passado. Porém, em janeiro, o estúdio foi informado de que os meninos e suas famílias estavam enfrentando ameaças de morte por causa da produção.

Com a piora da violência, o governo afegão pediu ao estúdio que providenciasse a fuga dos meninos e suas famílias, ao menos temporariamente. A Paramount decidiu fazer a mudança dos três meninos e mais um quarto, Sayed Jafar Masihullah Gharibzada (hoje com 14 anos), que fez um papel menor mas se tornou amigo dos outros.

Durante meses, cerca de 20 executivos do estúdio, ONGs, diplomatas e até mesmo funcionários da CIA trabalharam para conseguirem vistos e passagens aéreas para os garotos.
Eles estão hospedados em um hotel de luxo até que o estúdio encontre casa e trabalho para suas famílias. A Paramount está cobrindo todos os custos, além de pagar uma mesada diária para os parentes que os meninos deixaram em Cabul. Por motivos de segurança, o estúdio não informou em que cidade dos Emirados Árabes eles estão instalados.


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