FOMOS COBAIAS DO GOOGLE: CHEFE DO MY SPACE NO BRASIL DIZ QUE O BRASIL FOI UM RATO DE LABORATÓRIO DO GOOGLE.

EU ACHEI ISSO NO G1


"O MySpace Brasil chega ao país muito depois do Orkut, a rede social do Google que se tornou fenômeno entre os internautas brasileiros -- a versão de testes dessa página em português está disponível no país desde setembro e a estréia oficial será nesta quarta-feira (19). Mas ao contrário do que se possa pensar, esse atraso é classificado como positivo por Emerson Calegaretti, 37, diretor-geral do MySpace Brasil e ex-diretor da filial brasileira do Google.

“Chegar depois do Orkut não é uma desvantagem. Agora que já conhecemos essa experiência [do Orkut no Brasil], podemos começar de uma maneira diferente”, disse o executivo. Ele admite que, se o MySpace tivesse sido lançado antes por aqui, talvez tivesse enfrentado os mesmos problemas que o Orkut (durante anos, o Google Brasil se negou a fornecer dados de usuários solicitados pela Justiça). “Para nós, é muito importante começar já sabendo o que fazer.”

Em entrevista ao G1, Calegaretti falou sobre o aprendizado do MySpace com o Orkut, estratégias da rede social para conquistar mais usuários, privacidade na internet, sua relação com a música e sua passagem pelo Google Brasil (empresa da qual foi o primeiro funcionário). Confira abaixo os principais trechos da entrevista.

G1 - O que representa exatamente a chegada oficial do MySpace ao Brasil?

Emerson Calegaretti - Lá fora, o MySpace já tinha usuários brasileiros, bandas brasileiras, conteúdo brasileiro ligado à música. Mas apenas as pessoas que falavam inglês tinham acesso a tudo isso. A chegada do MySpace ao Brasil vai facilitar o uso do site, porque as pessoas que não falam inglês também terão acesso a todo esse conteúdo. É a democratização do acesso, permitindo que as pessoas não-fluentes em inglês também possam conhecer o MySpace.

G1 - Antes de vir oficialmente para o Brasil, vocês aprenderam com a experiência do Orkut? Os executivos do MySpace no exterior sabem de todos os problemas que o Orkut enfrentou com as autoridades brasileiras?

Calegaretti - Com certeza a gente aprendeu. Simultaneamente ao que aconteceu aqui no Brasil, o MySpace lá fora também sofreu muita pressão para inibir conteúdo de pornografia infantil, crimes de ódio. Essa pressão é mundial e legítima. À medida que você passa a ter esse modelo de web 2.0, em que o usuário gera conteúdo, você também corre o risco de ter conteúdo inapropriado.

Quando tivemos essa demanda da Justiça, arrumamos a casa e passamos a colaborar, em vez de adotar uma posição defensiva e negar informação. Em vez de fugir da responsabilidade, colaboramos com a Justiça. Todos [lá fora] sabem muito bem dos problemas que acontecem aqui no Brasil e, por isso, a primeira decisão foi contratar um diretor de segurança e privacidade, que em breve deve se juntar ao MySpace. Essa pessoa é a primeira na América Latina a cuidar somente disso.

G1 - O que exatamente fará esse funcionário?

Calegaretti - O cargo é diretor de segurança e privacidade, será uma pessoa para falar com as autoridades. A Polícia Federal e o Ministério Público, por exemplo, terão o telefone dessa pessoa para ligar e fazer suas demandas, estabelecer um canal de contato. Além disso, esse diretor vai trabalhar com as ONGs para tentar ajudar na educação dos pais, para que eles saibam como proteger seus filhos na internet. E, por último, esse funcionário vai agir internamente para remover imediatamente conteúdo abusivo e preservar os dados de quem postou as informações. Assim, o crime não ficará impune.

G1 - Você disse que o MySpace aprendeu com o Orkut. Mas o fato de o Myspace ter desembarcado depois do Orkut no mercado brasileiro não representa uma desvantagem?

Calegaretti - Não, não representa. Na verdade, temos uma vantagem de poder já começar no Brasil com um posicionamento diferente. A grande vantagem de começar agora é já termos visto que neste mercado as coisas são diferentes. Talvez se tivéssemos começado no Brasil há dois, três anos, tivéssemos passado pelos mesmos problemas [que o Orkut passou]. Mas agora que já conhecemos essa experiência, podemos começar de uma maneira diferente. Para nós, é muito importante começar já sabendo o que fazer.

G1 - Então o fato de vocês chegarem ao mercado brasileiro depois do Orkut não representa uma desvantagem?

Calegaretti - Não, pelo contrário. Nós do MySpace vemos isso como uma vantagem.

G1 - Em entrevista ao G1, o diretor-geral do Google Brasil afirmou ver como positiva a concorrência para o Orkut . Você concorda que a concorrência entre redes sociais é positiva?

Concordo 100%. Acredito que a concorrência é positiva. Aliás, o relacionamento do MySpace com o Google é muito bom. Nós somos muito mais parceiros do que concorrentes. Vou dar dois exemplos disso.

Em setembro de 2006, assinamos um acordo de publicidade. Eles pagaram US$ 900 milhões por um acordo de quatro anos para terem parte da nossa publicidade [exibição no MySpace de anúncios do sistema AdSense, pertencente ao gigante das buscas]. Recentemente, nos unimos ao Google no desenvolvimento da plataforma OpenSocial, que é muito importante. Com ele, uma aplicação desenvolvida para o Orkut, para o LinkedIn, vai poder ser usada no MySpace.

Nosso relacionamento é importante e essa convivência entre as redes sociais também, porque essa é escolha do usuário. Nós não podemos forçá-lo a usar a minha e não a sua rede. Quem vai decidir é o usuário.

G1 - E qual é a estratégia para o MySpace conquistar mais usuários, inclusive no Brasil?

Calegaretti – A estratégia é posicionar o MySpace para que o usuário possa se expressar através da personalização do perfil, criar um espaço seguro dentro das redes sociais, ter conteúdo local e relevante e, ainda mais importante, mostrar que o usuário tem benefícios ao participar daquela rede social. Esses eventos realizados pelo MySpace, como o “secret show” [o nome está ligado ao fato de as informações, como a banda e o local, serem liberadas aos poucos no site], são uma maneira de tentar valorizar o usuário. Ou seja: tem um beneficio em ser membro do MySpace.

G1 - Tom Anderson [fundador do MySpace] é muito ligado à musica e isso se reflete no site. Você também é assim?

Calegaretti - Eu sou, minha ligação com a música vem de longa data. Sou filho de músicos, meu pai tocava musica clássica, minha mãe é professora de piano e eu tive uma formação de musica clássica. Toco violino. Sempre adorei música e pude agora, com essa oportunidade no MySpace, descobrir coisas que até então não tinha ouvido antes. Eu, que tenho uma ligação muito forte com música clássica e curto tecno, estou conhecendo um pouco mais de pop, por exemplo. Estou tendo a oportunidade de conhecer outras tendências.

G1 - Com base nesses três anos da explosão das redes sociais, você poderia dizer qual acha que será o futuro delas?


Calegaretti – A rede social tem um papel muito importante, ela é o futuro da internet.

Emerson toca violino e descobre novas bandas no MySpace (Foto: Juliana Carpanez/G1)

A internet passou por quatro momentos de evolução. No primeiro, foi muito focada nas ferramentas de comunicação direta, como o e-mail, a grande aplicação nos primeiros anos da internet. Num segundo momento, no final dos anos 90, houve a evolução dos portais. Existia uma infinidade de informações na internet e essa era uma porta de entrada para que qualquer pessoa entendesse o que era aquela tal de internet. Mas não necessariamente o portal lhe dava a quilo que você queria consumir e então surgiu o terceiro momento, o das ferramentas de busca. O Google teve um crescimento muito grande nesse momento porque as pessoas entenderam que existia outro conteúdo além daquele oferecido pelos portais.

Hoje a gente é a fase das redes sociais e elas são importantes em dois sentidos. Primeiro porque ela é uma avenida de comunicação. Se você é um artista, um designer, um cineasta ou uma pessoa comum, você tem um veículo para se comunicar. Isso é uma mudança fantástica, porque nos últimos séculos os veículos de comunicação foram basicamente de um para vários. E a internet veio para democratizar, as redes sociais vieram para facilitar esse processo.

O segundo ponto está ligado ao fato de ainda não ter sido estabelecida uma identidade única na internet. Por isso, a rede pode ser um ponto central na internet onde você possa dizer: ‘esse sou eu mesmo, esses são os meus gostos, é isso o que eu gosto de fazer’. Esse ponto pode se tornar sua identidade dentro da internet. Daqui a alguns anos, a gente vai ver que a rede social criou o RG da internet, uma cara, uma identificação.

G1 - Então as redes sociais são o futuro da internet?

Calegaretti – Eu acho, porque a internet vai ser pessoal. Hoje é provável que você tenha no seu navegador os seus sites favoritos, uma configuração para entrar automaticamente no seu e-mail e um mensageiro instantâneo que se cadastra automaticamente. O futuro vai ser quando tudo isso estiver mais interconectado. De uma certa maneira, a rede social vai permitir que a experiência de uso da internet seja mais personalizada. E não só na questão de plataformas, de ferramentas de comunicação, mas também no consumo do conteúdo. A internet vai ter que aprender que você gosta de notícias dessa maneira, daquele jeito.

G1 - Com a popularização das redes sociais, aumenta também a preocupação com a privacidade. Eu fiz uma busca pelo seu nome no próprio MySpace e descobri, por exemplo, que seu cachorro chama Spock.

Calegaretti – [Risos] Sou fã de ficção científica.

G1 - Você não tem medo dessa invasão? Gostaria que você falasse mais sobre essa questão da privacidade na internet.

Calegaretti – Deixei o meu perfil aberto porque uso ele em diversas apresentações. As pessoas me fazem muitas perguntas, então meu perfil está aberto para todo mundo ver. Mas eu posso configurar diversos níveis de privacidade. Eu poderia deixá-lo, por exemplo, só visível aos meus amigos. E mesmo dentro da rede dos meus amigos, posso escolher as pessoas que podem ou não visualizar minhas informações pessoais. Isso caminha da seguinte maneira: você terá ferramentas para configurar o nível de privacidade que quer. É igual ao mundo real. Se eu não lhe conheço, não vou chegar e lhe entregar meu cartão de visitar. Se eu não sei quem você é, não vou lhe chamar pra dentro da minha casa. A mesma coisa acontece com as redes sociais: os usuários configuram a maneira como eles querem que os outros os percebam.

No meu caso, deixo as informações disponíveis para contar para as pessoas como o MySpace funciona. Mas as informações que eu divulgo não me personalizam; você não encontra meu endereço, meu telefone ou como chegar até mim.

G1 – Você pode contar como foi sua experiência no Google e como ela pode lhe ajudar no MySpace?

Calegaretti – Minha experiência no Google foi fantástica. Iniciei a operação do Google aqui no Brasil no início de 2005. Foi fantástico, porque aprendi muita coisa, desde definir onde colocar a mesa a contratar uma empresa de contabilidade. Foi um aprendizado único. Isso tem me ajudado bastante agora, nessa fase inicial do MySpace. O que estou fazendo agora é começar de novo um negócio do zero, assim como eu comecei do zero o Google em 2005.

A experiência no Google é única porque sem dúvida tem pessoas muito brilhantes lá dentro. Acho que o MySpace e o Google tem uma sinergia muito próxima. Encontrei nas duas empresas pessoas que têm as mesmas idéias. Tanto o MySpace quanto o Google têm uma visão muito democrática, uma visão de trazer a internet para a casa, para a vida das pessoas, facilitar esse acesso. Acho que é um compartilhamento de visão muito amplo.

G1 – O Google tem aquela imagem de ser o lugar ideal para trabalhar e você é o primeiro ex-Google que eu conheço.

Calegaretti – [Risos] Mas eu não sou o único, não. Na época em que eu sai, saíram também um diretor da Alemanha, um diretor da China, um diretor da Índia. Existe vida fora do Google [risos].

G1 - Você pode falar por que saiu do Google?

Calegaretti – Para vir para o MySpace. Tive de cumpri uma quarentena e vim para o MySpace, onde estou desde setembro deste ano. Sai porque gostaria de desenvolver um projeto mais amplo, mais diferenciado do que só busca. Queria fazer algo mais voltado à cultura. E a experiência do MySpace me chamou a atenção, porque era recomeçar mais uma grande operação no Brasil com foco ligado à cultura, ao entretenimento. Isso me atraiu muito.

G1 – Você já passou pelo Google e agora está no MySpace. Podemos esperar você no Facebook, quando o site for lançado por aqui?

Calegaretti – [Risos] Tomara que não, tomara que o MySpace dure muito e eu fique aqui por um bom tempo."


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