Jogo da Crytek sobrevive ao "hype" e se revela mais que um "rostinho bonito".
Jogador tem liberdade de escolha e armadura especial para sobreviver aos combates.
É fácil reclamar de jogos de tiro – eles são "repetitivos" e "acéfalos". Difícil é falar bem - ou pelo menos era. Depois de "BioShock" (2007) e, apesar de tudo, "Gears of War" (2006), o gênero tem dado argumentos para mostrar que existe algo além do tiroteio inconseqüente.
No caso de "Crysis", "sucessor espiritual" de "FarCry", existem imensas florestas ricamente ilustradas, inimigos inteligentes, arsenal incontestável e uma história que, se não é das mais originais, ao menos respeita a inteligência do jogador.
É, sem dúvida, um dos melhores jogos de tiro já produzidos. Bonito, emocionante, envolvente e desafiador. Mas exige um computador potente, que a maioria dos jogadores brasileiros ainda não tem.
Produzido pela alemã "Crytek", o jogo chamou atenção desde que seus primeiros vídeos foram divulgados, no distante 2006. As cenas mostravam um mundo "real demais": árvores quebravam, barracos eram destruídos, explosões levantavam poeira, fumaça e destroços -- para não citar a água.
Depois de quase três anos de desenvolvimento, o resultado final é tecnicamente impressionante (você nunca atropelou bananeiras tão realistas. Mas "Crysis" não é só isso.
As centenas de quilômetros de ilhas e florestas dão liberdade ao jogador para escolher seu próprio caminho. E a profundidade de interação com o cenário garante que cada um tenha uma história diferente para contar.
Equipe americana de antropólogos realiza operação em uma ilha do Mar das Filipinas. Sem motivo aparente, a Coréia do Norte intervém e faz reféns. O ano é 2020 e você (Nomad), integrante das Forças Especiais, deve infiltrar para resgatar os arqueólogos e descobrir o que houve de errado.
Para criar as ilhas, os produtores visitaram o Taiti. Além do simples "fotografar a vegetação para reconstruir folhas e árvores de maneira realista", a equipe parece ter aprendido o que é uma floresta de verdade -- relevo irregular, trilhas improváveis, grilos que saem à noite. Apesar do mapa e do GPS, você pode ser perder - e pela primeira vez isso é bom em um jogo.
Como nos vídeos divulgados em 2006, as árvores quebram, a mudança de tempo se reflete na iluminação, folhas caem pelo chão. Bastava passar a sensação de imersão -- não precisava nem ser bonito.
A armadura "Nano Suit" transforma os soldados em heróis, aplicando substâncias na corrente sangüínea para alterar o funcionamento do corpo. É o que garante emoção nas batalhas, com mudanças rápidas de estratégia.
O jogador pode escolher entre quatro estados da armadura: velocidade, armadura, força e invisibilidade. Na teoria, parece tarefa fácil. Na prática... adivinhe. Exércitos da Coréia do Norte brotam de onde você não esperava, e eles sabem muito bem o que fazer.
O jogador pode arremessar quase todos os objetos dos cenários: caranguejos, fogões, telhados, árvores, caixas e, claro, inimigos vivos. Existe a obrigação de cumprir objetivos, como conseguir informações confidenciais em computadores, mas também há liberdade para decidir qual caminho traçar, possibilidade rara nos jogos de tiro.
Essa complexidade faz de "Crysis" um jogo para iniciados. Não existe "caminho fácil", nem "tática infalível". O mundo, afinal, está vivo. Você pode dar sorte, ou azar, ou simplesmente usar a cabeça a todo instante.
O arsenal inclui velhos conhecidos do gênero de tiro em primeira pessoa. Pistola, cartucheira (shotgun), metralhadora, fuzil, lança foguetes. A diferença é que elas podem ser modificadas durante o jogo com mira-laser, luneta, silenciador e outros acessórios táticos, fundamentais para a sobrevivência.
No Brasil, "Crysis" está disponível em edição especial, por R$ 139, com embalagem semelhante à da edição de colecionador de "Command & Conquer 3: Tiberium Wars". A caixa tem, além do disco do jogo, CD com a trilha sonora, DVD de extras, livreto com ilustrações e um código para habilitar o Amphibious PC, veículo exclusivo para jogos multiplayer.
O DVD de extras tem imagens do jogo, ilustrações conceituais, vídeos e um mini-documentário de 16 minutos em que a equipe da Crytek conta detalhes de produção. O conteúdo extra é um diferencial a mais, mas pode incomodar o fato de que os vídeos no DVD não estão em alta resolução – as versões em alta precisam ser baixadas da internet, tarefa que o DVD, ao menos, facilita.
É possível ajustar as características visuais para um desempenho agradável em máquinas mais modestas, mas não se engane. Para mostrar toda sua exuberância em efeitos visuais e de física, "Crysis" exige um computador potente.
O primeiro teste, à convite da Electronic Arts, foi em uma sala com tela de cinema e computador com placa de vídeo GeForce 8800 GTX (topo de linha da nVidia). Gráficos impecáveis, detalhes impressionantes, mas uma tela grande demais que dificultava tiros mais precisos.
No segundo teste o G1 usou um PC semelhante, mas com placa de vídeo mais modesta: processador Intel Core 2 Duo 2,4 GHz, Windows Vista, 4 GB de memória RAM e placa de vídeo GeForce 8800 de 640 MB. No menu de opções, o jogo analisou o PC e ajustou as configurações visuais para o nível "High", um nível abaixo do "Very High", o mais completo.
Durante o jogo, a média foi de 30 frames por segundo, taxa que depois caiu drasticamente, forçando a redução de alguns detalhes de sombra e partículas como faíscas de tiro. Se quiser aproveitar toda a exuberância de "Crysis", prepare o upgrade.
Mesmo depois de ter completado todas as missões em "Crysis", tenha certeza de que você não explorou tudo o que o jogo oferece. São tantos caminhos e abordagens diferentes para concluir o mesmo objetivo, que você pode simplesmente jogar de novo e fazer tudo diferente.
Em 2007, já é a segunda grande lição em jogos de tiro. Primeiro, "BioShock" guiou o gênero por um universo sombrio que vai continuar vivo por anos na mente dos jogadores. Agora, "Crysis" mostra que uma história de ação pode se passar num cenário paradisíaco sem insultar a inteligência do jogador, e sem tirar-lhe a liberdade. E tudo indica que "Call of Duty 4" possa fechar a "trinca de ferro" dos jogos de tiro em 2007.
Download do Jogo aki
VEJA A PONTUAÇÃO DO JOGO PELO G1
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